Policiais Militares de Ibiá viveram momentos de tensão e heroísmo na madrugada do último domingo (23), ao atenderem uma ocorrência de lesão corporal a um jovem de 28 anos natural de São Sebastião no Estado de Alagoas. De acordo com o boletim de ocorrência que a redação do Paranaíba Agora teve acesso com exclusividade, os militares foram comunicados por testemunhas de que dois homens haviam jogado uma pessoa em um despenhadeiro na Rua 27.
A referida rua está interditada pela Prefeitura Municipal de Ibiá após uma erosão ocasionada pelas chuvas dos últimos dias. O local é mais íngreme e oferece riscos desmoronamento, tornando-se inviável o acesso de pessoas e veículos.
Segundo a ocorrência, assim que os militares receberam o chamado, deslocaram imediatamente para o local indicado, tendo eles estacionado a guarnição policial próximo aos obstáculos que impediam o acesso e continuaram o percurso a pé até chegarem à margem do barranco. Eles localizaram quatro tijolos quebrados e uma poça de sangue, dando a entender que ali teria ocorrido uma agressão física.
Estima-se que deste o local onde foram localizados os tijolos até a margem da cratera aonde a vítima foi arremessada, o jovem foi arrastado por cerca de 42 metros. Com o eminente risco de desmoronar, os militares então fizeram uma corrente humana segurando uns aos outros para que um dos policiais pudesse chegar até a extremidade e visualizasse a vítima no fundo da cratera.
Com isso, eles perceberam que o jovem ainda apresentava sinais vitais, sendo acionada uma ambulância do Hospital Municipal de Ibiá para auxiliar no resgate. Para que fosse possível o acesso da viatura e da ambulância no local, os policiais tiveram que quebrar a barreira com a guarnição.
Foi avaliada a necessidade de acionar uma unidade do Corpo de Bombeiros para que resgatar a vítima do fundo da cratera com o uso de cordas. Porém, a alternativa foi descartada porque a unidade mais próxima fica a mais de 60 km de Ibiá e o jovem não poderia resistir aos ferimentos e falecer no local à espera do socorro.
Os policias então decidiram usar os meios disponíveis no momento para salvar a vida da vítima e manter a integridade física dos militares que iam participar da operação de resgate. Então eles amarraram uma corda na viatura que foi posicionada mais afastada tentando minimizar o risco de desmoronamento da cratera. Na outra extremidade foi amarrado o CB Damásio que desceu até ao encontro da vítima com o apoio do Cb. Sílvio e do Cb. John.
Com a chegada da ambulância, eles desceram uma prancha pela corda para auxiliar no içamento do jovem. Neste instante a outra guarnição também chegou e deu apoio aos outros militares que trabalhavam no resgate. Uma outra corda foi amarrada e levada até ao militar para que ele amarrasse a vítima e os outros policiais com a ajuda de testemunhas que estavam no local pudesse trazê-la à superfície.
Para que as cordas não se rompessem durante o salvamento, os policiais usaram os tapetes das viaturas e os colocaram na quina do asfalto, evitando o atrito com a corda. Após o Cb. Damásio fazer todas as amarrações e ancoragens da vítima, foi iniciado o processo para que a vítima fosse salva com muito cuidado para não agravar ainda mais os ferimentos.
Assim, a equipe médica assumiu os trabalhos e realizou a estabilização e remoção para a unidade hospitalar. Devido a gravidade dos ferimentos, a vítima foi transferida posteriormente para a cidade de Uberaba. O jovem identificado como Luciano da Silva, de 28 anos, apresentava lesões na cabeça e não conseguia se comunicar para dar detalhes do que teria ocorrido. Testemunhas disseram que os dois autores usavam camisa de cor branca e que não haviam visto o momento das agressões, somente quando jogaram a vítima na cratera.
Afirmaram ainda que após o fato, eles fugiram sentido ao bairro Maroca. Com isso, devido à ausência de testemunhas no momento do ato e a impossibilidade de colher a versão do jovem, não possível definir a real intenção dos autores no mento das agressões.
O caso foi repassado para a Delegacia da Polícia Civil de Ibiá que investigará o caso e tomará as demais providências.
Texto: Gilberto Martins
