Após 16 horas de julgamento, o ex-secretário municipal de Obras de Patrocínio, Jorge Marra, foi absolvido do crime de homicídio duplamente qualificado, pelo assassinato do ex-vereador Cássio Remis, em setembro de 2020. O Ministério Público recorreu da decisão.
O júri popular foi realizado na quarta-feira (26). Ele foi julgado por homicídio qualificado, motivo torpe e uso de meio que impossibilitou a defesa da vítima, que o juri viu como “legítima defesa”. Marra, porém, foi condenado a dois anos e 10 dias, por porte de arma.
Como ele estava preso na Penitenciária Deputado Expedito de Faria Tavares desde o dia do crime, a pena já foi cumprida. Por isso, a previsão é que Marra já seja liberado nesta quinta-feira (27).
Jorge Marra é irmão do prefeito de Patrocínio, Deiró Marra (DEM), e matou a tiros Cássio Remis logo após ele fazer uma live onde denunciava suposta irregularidade em obras da Prefeitura. Em abril de 2021, o juiz da Vara Criminal de Patrocínio, Serlon Silva Santos, definiu que Marra iria a júri popular.
“Desde o início dos fatos eu sempre disse que a defesa confiava na sociedade de Patrocínio. Sempre disse que eu queria que o processo fosse julgado pela sociedade de Patrocínio e hoje, a sociedade de Patrocínio julgou, e fez Justiça no caso concreto, absolvendo o seu Jorge Moreira Marra”, comento o advogado de defesa, Sérgio Leonardo.
Entenda o caso
Cássio Remis morreu na tarde do dia 24 de setembro de 2020, após ser baleado pelo então secretário de Obras, Jorge Marra.
Antes de morrer, a vítima estava na Avenida João Alves do Nascimento mostrando o processo de revitalização, quando alegou na transmissão ao vivo que funcionários da Prefeitura eram usados para fazer serviços particulares em frente a uma residência que seria o comitê de campanha do atual prefeito, Deiró Moreira Marra.
Nesse momento, Jorge Marra saiu de um veículo, tomou o aparelho da vítima e voltou ao carro. Em seguida, Remis foi atrás de Jorge Marra, que se dirigiu à Secretaria de Obras.
Na porta do local, o candidato tentou pegar o telefone de volta, mas Marra atirou e fugiu. Toda ação foi registrada pelo circuito interno de segurança.
No dia após o crime, a arma usada por Jorge Marra para matar a vítima e a caminhonete da fuga foram encontradas em Perdizes. No dia 27 de setembro de 2020, ele se entregou na delegacia de Polícia Civil.
Segundo a investigação, Jorge Marra se apresentou de forma espontânea após um acordo feito com sua defesa e “cooperou com 99% das perguntas”.
Depois de depor, o acusado foi encaminhado para um presídio, uma vez que havia um mandado prisão preventiva contra ele. Depois, foi transferido para o Presídio Sebastião Satiro, em Patos de Minas.
Segundo a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), no dia 16 de outubro de 2020, ele foi transferido para Penitenciária de Patrocínio I. Em dezembro, a defesa de Marra tentou soltura por meio de habeas corpus, mas o pedido foi negado.
Inquérito
O inquérito que investigava o caso foi concluído em outubro de 2020, e Jorge Marra foi indiciado por homicídio, porte ilegal de armas de fogo e pelo roubo do celular da vítima. Em novembro, as testemunhas do crime foram ouvidas e alguns dias depois, o acusado permaneceu em silêncio durante a segunda audiência de instrução.
A delegada de Homicídios, Ana Beatriz de Oliveira Brugnara, também indiciou o motorista e outro funcionário por favorecimento, ao facilitar a fuga do autor do crime. As denúncias foram aceitas pelo MPMG.
Fonte: G1