Uma estudante de 23 anos, moradora da cidade de Carmo do Paranaíba, que cursa Direito em uma universidade de Patos de Minas, foi vítima de injúria racial praticada uma colega de curso. O fato aconteceu dentro do próprio campus, em consequência de um esquema de cola em provas que havia sido denunciado por estudantes do curso, em que a agressora estaria envolvida.
O caso ocorreu no dia 10 de fevereiro e foi relatado por Mariana Rita de Oliveira em “stories” da própria conta na rede social Instagram. Segundo a vítima, a colega a levou para um canto no pátio e começou a ofendê-la chamando-a de “macaco” e dizendo que ela deveria estar lavando uma senzala.
Ela continuou a injúria racial dizendo que alisar o cabelo não a tornaria melhor e que ela continuaria tendo o mesmo cérebro de “macaca”. A ofensa tomou rumos ainda mais ofensivos, quando a agressora atacou a filha de apenas dois anos da vítima Mariana, também a chamando de “macaca”.
“A escravidão acabou, mas vocês ainda continuam sendo pretas”, disse a colega, alegando que elas vieram de uma raça ruim. Ela ainda afirmou que Mariana era um ser “indefinido”, pois não sabia se gostava de homem ou mulher e que a filha da vítima também seria “esquisita” como ela.
A agressão verbal continuou em tom de ameaça, pois a colega da vítima disse que ela iria tomar uma surra em Carmo do Paranaíba, cidade em que reside, e outra surra em Patos de Minas. Alertou para que ela tomasse cuidado, pois sabia onde ela morava e trabalhava.
Sem ação, a universitária não conseguiu reagir, mas após o incidente, registrou um boletim de ocorrência na delegacia no dia seguinte. Mariana foi orientada pelos policiais a fazer uma representação e pedir uma medida cautelar, providencias que foram tomadas de imediato pela vítima.
Segundo Mariana, a estudante que a ameaçou foi suspensa da universidade por quinze dias e retornará as aulas nesta quinta-feira (05). Temerosa, ela afirma que não sofreu mais ameaças da colega, por tê-la bloqueado nas redes sociais, porém possui provas de que ela foi ameaçada devido à medida cautelar que será deferida.
“Eu esperava que a universidade a expulsasse, pois ela cometeu um crime dentro da instituição. Como universitária, eu acredito que ela não seja digna de sentar na cadeira de um curso de Direito. Na esfera penal, espero que ela pague por isso e não cometa com mais ninguém”, disse Mariana.
De acordo com a assessoria de imprensa da universidade em que as envolvidas estudam, a aluna agressora foi suspensa conforme preconiza o respectivo estatuto da instituição de ensino, por ameaça e agressão verbal, conforme consta no boletim de ocorrência registrado pela vítima.
Pelo Twitter, a instituição de ensino disse que “conforme o previsto em seu Estatuto, no inciso IV do artigo 2º, repudia e pune todo e qualquer ato, comprovadamente praticado, que atente contra a dignidade humana, mostrando-se incompatível com o ambiente social e acadêmico”.
A universidade conclui ainda que “a vítima é acolhida e recebe as devidas orientações e, em relação ao agressor, são aplicadas as sanções cabíveis no âmbito de competência da instituição”.
Matéria: Vanderlei Gontijo, Igor Nunes e Julio Cesar